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Pedro Jailson
Autista, TDAH e cofundador da Clínica terapeuTEAr

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Descubra a Verdade por Trás do Meltdown no Autismo

 

 

O que é um Meltdown?

 

O termo "meltdown" é utilizado no contexto do autismo para descrever uma crise intensa e explosiva. É uma reação que pode ocorrer quando uma pessoa autista se sente extremamente sobrecarregada e incapaz de lidar com a situação em que se encontra.

 

Um meltdown é uma resposta de "luta ou fuga" do sistema nervoso, que resulta em uma explosão emocional visível e intensa. Diferente do "shutdown", que é mais interno e silencioso, o meltdown é uma manifestação externa e muitas vezes dramática. Durante um meltdown, a pessoa pode perder o controle de suas emoções e comportamentos, resultando em explosões de raiva, choro intenso, agressividade ou comportamentos autodestrutivos.

 

 

Causas comuns de um meltdown autista:

 

1. Sobrecarga sensorial: Exposição excessiva a estímulos sensoriais, como ruídos altos, luzes intensas, multidões ou ambientes caóticos, que sobrecarregam o sistema nervoso do autista.

 

2. Estresse acumulado: Situações estressantes prolongadas ou repetitivas que se acumulam ao longo do tempo, levando a um ponto de ruptura.

 

3. Mudanças inesperadas na rotina: Alterações bruscas ou não planejadas na rotina diária, que podem ser extremamente desestabilizadoras.

 

4. Frustrações intensas: Incapacidade de realizar uma tarefa, expressar necessidades ou ser compreendido, levando a níveis elevados de frustração.

 

5. Dificuldades de comunicação: Incapacidade de expressar efetivamente pensamentos, sentimentos ou necessidades, resultando em frustração e ansiedade.

 

6. Ansiedade extrema: Níveis elevados de ansiedade que se tornam incontroláveis e avassaladores.

 

7. Fadiga e exaustão: Cansaço físico e mental extremo, muitas vezes resultado de esforços constantes para se adaptar a um mundo neurotípico.

 

8. Demandas sociais excessivas: Pressão para interagir socialmente além das capacidades ou conforto da pessoa autista.

 

9. Conflitos interpessoais: Desentendimentos ou conflitos com outras pessoas que podem ser particularmente estressantes para indivíduos autistas.

 

10. Pressão para mascarar comportamentos autistas: O esforço constante para suprimir comportamentos autistas naturais (masking) pode levar a um acúmulo de estresse que culmina em um meltdown.

 

 

Sintomas de um Meltdown:

 

- Explosões emocionais intensas: Manifestações extremas de emoções, como raiva, tristeza ou medo.

- Gritos ou choro incontrolável: Vocalizações intensas e difíceis de controlar.

- Agressividade física ou verbal: Pode incluir atirar objetos, bater em si mesmo ou nos outros, ou usar linguagem agressiva.

- Comportamentos autodestrutivos: Bater a cabeça, morder-se ou arranhar-se.

- Perda de controle motor: Movimentos descontrolados ou incapacidade de controlar o próprio corpo.

- Hiperventilação: Respiração rápida e superficial.

- Tensão muscular extrema: Rigidez corporal ou tremores.

- Incapacidade de comunicação: Dificuldade ou impossibilidade de se expressar verbalmente.

- Comportamentos repetitivos intensos: Aumento significativo de estereotipias ou movimentos repetitivos.

- Fuga ou tentativa de escapar: Tentativas de sair da situação ou do ambiente rapidamente.

- Rejeição de contato físico: Reação negativa intensa a toques ou tentativas de contenção física.

 

 

Como um Autista se Sente Durante um Meltdown:

 

Durante um meltdown, um autista pode experimentar uma série de sensações e estados emocionais que são intensos e avassaladores. Aqui estão algumas das formas como um autista pode se sentir durante um meltdown:

 

1. Perda total de controle:

   - Emocional: Sensação de que as emoções estão completamente fora de controle.

   - Comportamental: Incapacidade de controlar ações e reações físicas.

 

2. Sobrecarga emocional avassaladora:

   - Intensidade: Emoções extremamente intensas que parecem impossíveis de conter.

   - Confusão: Dificuldade em identificar ou entender as próprias emoções.

 

3. Pânico e desespero:

   - Ansiedade extrema: Sensação de pânico intenso e incontrolável.

   - Desamparo: Sentimento de estar completamente desamparado e incapaz de lidar com a situação.

 

4. Incapacidade de processar informações:

   - Sobrecarga cognitiva: Dificuldade em entender ou processar qualquer informação nova.

   - Confusão mental: Sensação de que os pensamentos estão caóticos e incoerentes.

 

5. Sensação de estar sendo atacado:

   - Hipersensibilidade: Percepção intensificada de estímulos sensoriais como ataques.

   - Defesa: Reações defensivas intensas, mesmo quando não há ameaça real.

 

6. Necessidade urgente de escape:

   - Fuga: Desejo intenso de sair da situação ou ambiente imediatamente.

   - Isolamento: Necessidade premente de ficar sozinho e longe de qualquer estímulo.

 

7. Dor física e emocional intensa:

   - Dor sensorial: Estímulos sensoriais podem ser percebidos como dolorosos.

   - Sofrimento emocional: Dor emocional que pode ser sentida fisicamente.

 

8. Confusão e desorientação:

   - Perda de noção espacial: Dificuldade em se orientar no ambiente.

   - Dissociação: Sensação de estar desconectado da realidade ou do próprio corpo.

 

9. Vergonha e culpa (após o episódio):

   - Autocrítica: Sentimentos intensos de vergonha pelos comportamentos durante o meltdown.

   - Culpa: Preocupação com o impacto do meltdown nos outros.

 

10. Exaustão extrema:

    - Fadiga física: Sensação de esgotamento físico total após o meltdown.

    - Esgotamento mental: Incapacidade de pensar claramente ou realizar tarefas simples após o episódio.

 

 

Como Ajudar um Autista em Meltdown:

 

1. Garanta a segurança física:

   a. Remova objetos potencialmente perigosos do ambiente.

   b. Se necessário, guie gentilmente a pessoa para um local mais seguro.

 

2. Reduza estímulos sensoriais:

   a. Diminua luzes, sons e outros estímulos sensoriais no ambiente.

   b. Ofereça um espaço tranquilo e com poucos estímulos, se possível.

 

3. Mantenha a calma e não julgue:

   a. Mantenha uma atitude calma e compassiva, evitando demonstrar frustração ou raiva.

   b. Lembre-se que o meltdown não é uma escolha deliberada da pessoa autista.

 

4. Ofereça espaço e tempo:

   a. Dê à pessoa espaço físico, evitando ficar muito próximo a menos que seja necessário por segurança.

   b. Permita que o meltdown siga seu curso natural, sem tentar forçar seu término.

 

5. Evite tocar sem permissão:

   a. Respeite os limites físicos da pessoa, evitando tocar ou abraçar sem consentimento.

   b. Se o toque for necessário por questões de segurança, avise antes e seja o mais gentil possível.

 

6. Use comunicação clara e simples:

   a. Se precisar falar, use frases curtas e diretas.

   b. Evite fazer muitas perguntas ou dar muitas instruções de uma vez.

 

7. Não tente argumentar ou racionalizar:

   a. Durante um meltdown, a capacidade de raciocínio lógico está comprometida.

   b. Evite tentar explicar por que a pessoa não deveria estar tendo um meltdown.

 

8. Ofereça opções de regulação sensorial:

   a. Tenha à disposição itens que possam ajudar na regulação sensorial, como fones de ouvido, óculos escuros ou objetos de textura agradável.

   b. Ofereça esses itens sem insistir, permitindo que a pessoa escolha se quer usá-los.

 

9. Seja paciente durante a recuperação:

   a. Entenda que a recuperação de um meltdown pode levar tempo.

   b. Ofereça apoio contínuo e compreensão durante o período de recuperação.

 

10. Aprenda a identificar sinais precoces:

    a. Trabalhe com a pessoa autista para identificar sinais de que um meltdown pode estar se aproximando.

    b. Desenvolva estratégias preventivas para intervir antes que o meltdown se instale completamente.

 

11. Crie um plano de ação:

    a. Desenvolva um plano de ação com a pessoa autista para lidar com meltdowns futuros.

    b. Inclua no plano estratégias específicas que funcionam para o indivíduo.

 

12. Eduque-se e aos outros:

    a. Aprenda mais sobre meltdowns autistas e compartilhe esse conhecimento com pessoas próximas.

    b. Ajude a criar um ambiente de compreensão e apoio em torno da pessoa autista.

 

Lembre-se, cada pessoa autista é única, e o que funciona para uma pode não funcionar para outra. É importante personalizar as estratégias de apoio com base nas necessidades individuais de cada pessoa.

 

 

Texto escrito por: Pedro Jailson.

 

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